Os Segredos dos Negócios Jurídicos do Século XXI
No contexto do século XXI, frente às inúmeras transformações tecnológicas, como forma de adaptabilidade à nova conjuntura do mercado, o aprimoramento da técnica da informação, compartilhamento de valores e objetivos comuns, o profissional desenvolve habilidades e competências com a finalidade de promover uma melhor integração da sociedade com o Estado de Direito, humanizar relações, as perspectivas do mercado de trabalho à luz dessas transformações disruptivas.
É necessário desenvolver reflexões através da liderança, empatia, colaboração, resiliência, flexibilidade para o trabalho sob pressão, diálogo eficaz na vivência das emoções, análise e tomada de decisões estratégicas com orientação para resultados, conhecidas como soft skills, que definem traços e comportamentos que caracterizam nossos relacionamentos com os outros. Podem ser desenvolvidos por meio do autoconhecimento, autorregulação, melhor gerenciamento do tempo, em uma cultura organizacional que pratica a avaliação do desempenho das aptidões como forma de melhorias.
Importante destacar que os advogados executores de atividades repetitivas e que pouco usam o seu potencial cognitivo deverão desenvolver outras atividades. Os sistemas de inteligência artificial sobressaem frente à identificação de padrões, linguagem natural, eliminação de preconceitos e capacidade de armazenar grandes volumes de dados, assim funcionará como um super assessor, complementando as competências dos profissionais, jamais substituindo-os.
A praticidade da inovação nos escritórios de advocacia está sendo utilizada para alavancar os negócios e, com isso, aumentar a produtividade de gestão interna. No Supremo Tribunal Federal foi desenvolvida a tecnologia chamada “Victor”, que pode diminuir em até dois anos o tempo de tramitação no tribunal, através da análise de milhares de documentos jurídicos, identificando pormenorizadamente os temas que podem ser objeto de repercussão geral. Já na Ordem dos Advogados do Brasil foi desenvolvido um sistema de busca de jurisprudência avançada, dentre outras funcionalidades que já usam a Inteligência Artificial no país.
A Inteligência Artificial impõe uma mudança de cultura organizacional, impactando o modelo de negócio; trazendo para a realidade jurídica a necessidade de evitar o ajuizamento desnecessário das medidas judiciais. Auxiliará a formação de opinião dos magistrados; a elaboração de peças e contratos com maior exatidão em menor tempo, a partir de modelos pré-existentes; o desenvolvimento das atividades operacionais que não são exclusivas de advogados, tornando o profissional mais estratégico e lógico, com mais tempo de desenvolver habilidades de senso comum, como a empatia organizacional.
Por sua vez, a Jurimetria se refere à aplicação de técnicas quantitativas comuns às estatísticas aplicadas ao Direito, utilizando toda a tecnologia disponível, que ajuda os legisladores e operadores jurídicos a criar instituições sociais e políticas públicas mais justas, específicas, céleres e eficientes.
Nas tomadas de decisões, auxilia os juízes priorizando o princípio da segurança jurídica ao ponderar os fatores humanos e sociais sob a luz das normas constitucionais aplicáveis. Consulta as bases de dados dos tribunais para saber quais posições que prevalecem, sobre tendências ou decadências das decisões. Em relação aos litigantes, disponibiliza suas reais chances de sucesso, mediante dos pedidos, dos argumentos jurídicos utilizados nas petições e dos elementos de provas juntados aos processos.
O papel do advogado deve ser estratégico, supervisionando e treinando as máquinas, para que investiguem recomendações cada vez mais assertivas; validando o sistema matemático para a avaliação de quais teses poderão ser aplicáveis. A partir das estatísticas, pode ter um controle bem mais detalhado sobre as decisões judiciais. Assim, poderá ofertar ao cliente possibilidades de prognósticos e contingências mais próximas do real, verificando as tendências dos tribunais nas suas diversas perspectivas, ajudando o legislador a ter amplo panorama com correta captação dos dados sobre os temas e impactos sociais em suas teses, permitindo prever vários cenários nas deliberações, inclusive com controle bem mais detalhado sobre as decisões judiciais, sabendo de imediato quantas vezes aquela vara ou aquela turma já julgou a mesma matéria.
Na Era da Advocacia 5.0, frente ao mercado tão concorrido e com diversos profissionais disponíveis, é imprescindível ao profissional do direito na conjuntura atual, enxergar sua carreira como uma empresa, que deve ser tratada com profissionalismo, mediante pessoas qualificadas em áreas específicas, como tecnologia, finanças, recursos humanos, planejamento estratégico, inteligência comercial e marketing. Tudo isso através de uma mudança de mindset, desenvolvendo características próprias de um advogado empreendedor – ser visionário, olhar diferente aos problemas, criar soluções diferenciadas, em prol do fortalecimento da sua marca pessoal e profissional, gerando, assim, a reputação e o reconhecimento para a melhoria dos resultados.
Em virtude dos aspectos abordados, os Advogados do Século XXI que esquivarem-se da transformação digital não farão uma opção inteligente, sendo impossível não nos conectarmos a uma realidade já existente. A aceitação daqueles beneficiados e preparados para trabalhar com a tecnologia, conduzirão as transformações dos dados em conhecimento e sabedoria, mudança de cultura interna, melhoria de tarefas e processos, ou mudanças disruptivas na gestão. Se unirmos inovação com capital humano nas conformidades legais, impulsionaremos as barreiras do conhecimento, mudança de cultura, soluções jurídicas burocráticas.
Artigo publicado na Revista Empreenda: https://empreendarevista.com.br/noticia/os-segredos-dos-negocios-juridicos-do-seculo-xxi